Tumor de testículo - tamanho não é documento, pode ser problema !

O câncer de testículo é uma doença masculina rara e dados mostram que é discretamente mais comum no testículo direito. Felizmente, os largos saltos no desenvolvimento de medicamentos quimioterápicos colocaram o câncer de testículo na posição de um dos cânceres mais curáveis da atualidade - mesmo em casos com doença à distância (metástases)
FATORES DE RISCO
1- Criptorquidismo (testículo que não desceu para bolsa dentro do período esperado (6 meses de vida)
Quem tem o testículo fora do lugar tem de 4 a 6x mais chances de desenvolver a doença maligna.
Se o testículo tiver sido operado entre 6 meses à 13 anos de vida esse risco cai pela metade mas mesmo assim ainda é mais elevado do que na população sadia.
Testículo fora da bolsa após a puberdade indica a necessidade de retirada cirúrgica do órgão.
2- História familiar
3- História pessoal (quem teve CA de testículo tratado pode desenvolver a doença no outro testículo)
4- Infertilidade
COMO SE APRESENTA ?
A forma mais comum de apresentação da doença é AUMENTO INDOLOR DO VOLUME do testículo. A dor pode estar presente quando o câncer cresce rápido por causa de hemorragias e expansão aguda da “cápsula”. Alguns pacientes relatam histórico de trauma (pancada) no local mas o acidente em si não tem relação com o desenvolvimento da doença. É bem mais provável que o testículo aumentado esteja mais sujeito às pancadas e o desconforto chame a atenção do paciente para o problema.
Em casos mais raros, ocorre metástases para linfonodo abdominais que crescem ao ponto de formarem uma massa visível ou palpável na barriga.
O ATRASO NO DIAGNÓSTICO
Como a doença nasce e cresce silenciosamente, todos os exames investigativos (Ultrassom e exames de sangue) devem ser realizados o mais rápido possível quando o médico suspeita da doença. Algumas vezes o diagnóstico não é claro incialmente e são prescritos antibióticos para uma possível inflamação. Fique atento, é recomendado que, na dúvida, os exames sejam repetidos de 2 a 4 semanas depois.
Infelizmente é muito comum a contribuição do paciente (e até do médico) em subestimar a questão e postergar o diagnóstico do câncer pela insistência no tratamento para infecções/inflamações com antiinflamatórios e antibióticos.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO
Ultrassonografia com doppler da bolsa testicular
É um exame barato, indolor e não invasivo que pode ser realizado muito facilmente e tem extrema importância para avaliação das massas testiculares
Marcadores tumorais (exame de sangue)
1- Gonadotrofina coriônica (hCG) = Dosado nas grávidas pode estar elevado também nos homens com câncer de testículo
2- LDH
3- Alfafetoproteína (AFP)
A dosagem desses marcadores é fundamental quando há suspeita de câncer de testículo !!! Eles podem ou não estar aumentados mesmo em doenças com metástases. Mesmo assim, é importante para estadiamento da doença, análise pré-operatória, acompanhamento pós-operatório e ajudam a definir a necessidade de tratamento complementar (Quimioterapia).
Outros exames de imagem
Dependendo do estadiamento e do nível de suspeição do médico outros exames como tomografias podem ser realizados na busca de doença fora do testículo.
TRATAMENTO
Orquiectomia radical
Consiste na retirada do testículo e do cordão inguinal do lado comprometido pela doença.
Implante de próteses testicular
Em alguns casos é possível o implante de prótese siliconizada para manter a estética local
Congelamento de espermatozóides
Apesar do paciente viver bem apenas com 1 testículo, a fertilidade pode ficar comprometida principalmente se for necessário complementar o tratamento com quimioterapia.
ALGUMAS PERGUNTAS FREQUENTES
1- Vou ficar estéril depois da cirurgia ?
R: É recomendado o congelamento de espermatozóides pois o andamento do tratamento pode não permitir uma resposta clara para essa pergunta.
2- Vou ter que fazer reposição de testosterona ?
R: A principio não. O testículo remanescente geralmente é capaz de manter a produção do hormônio masculino em níveis satisfatórios.
3- Vou ficar brocha?
R: Não tem motivo objetivo para que a disfunção erétil seja uma consequência do tratamento cirúrgico. No entanto, como a subjetividade está intimamente relacionada com a questão, é possível que alguns pacientes se sintam psicologicamente abalados com o tratamento e tenham na disfunção erétil uma das manifestações desse quadro.
4- Posso ter relações sexuais com a minha esposa? Posso transmitir a doença pra ela ?
R: A doença não é transmitida por relação sexual.
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Esse post foi confeccionado por mim seguindo as orientações encontradas em literatura médica urológica (campbell), utilizando conceitos e orientações de artigos em pesquisa (Cochrane) e pesquisa em guidelines (AUA, EAU, SBU). Não é um artigo científico, não tem a pretensão de substituir consulta médica e tem caráter apenas elucidativo para quem busca maiores informações sobre o tema - Daniel Hampl
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